DISCURSO E HUMOR: DIVERGÊNCIAS E APROXIMAÇÕES ENTRE O SMUT FREUDIANO E SUA VERSÃO CONTEMPORÂNEA
Resumo
Desde os estudos de Freud (1900, 1905), o humor tem adquirido crescente relevância em inúmeros campos de pesquisa, especialmente nas ciências humanas. Um elemento peculiar entre as diversas manifestações humorísticas são os chistes, tema de um sofisticado estudo freudiano e objeto de análise do trabalho que segue. Além dos preceitos teóricos do autor austríaco, busca-se embasamento na Análise do Discurso de tradição francesa, especificamente nos estudos sobre o humor (POSSENTI, 1998, 2010; RASKIN, 1985) e sobre a noção de estereótipo (AMOSSY, 2008). O corpus é constituído por um conjunto de piadas com certo teor obsceno classificadas por Freud como smut e cujo ingrediente principal é a figura da mulher (os traços característicos desse tipo de chiste serão abordados durante a análise). A partir desse material, coletado em sites de humor e redes sociais, o objetivo maior é investigar quais traços dessa classificação proposta há mais de um século continuam operando nos chistes em circulação atualmente e quais características parecem ter se alterado, tendo em vista, principalmente, a posição social que a mulher ocupava na época em que Freud publicou seu estudo e a posição desfrutada hoje.
Nesse sentido, os chistes são exemplos da materialidade discursiva que compõe o tecido social. Da mesma forma como os discursos nos quais se inserem, representam forças em tensão e, portanto, demandam descrição e compreensão.
Referências
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