UM ENSAIO SOBRE AUTORIA E OS SENTIDOS DE CRIANÇA NO TRÁFICO

Resumo

 Este trabalho busca investigar indícios de autoria inscritos em um discurso midiático que dá a ver sobre alguns modos como os filhos e netos do tráfico de drogas ora são falados, e que ora falam, sendo inscritos e se inscrevendo no discurso, fazendo circular traços e vestígios dos sujeitos. As condições de produção desses dizeres seriam afetadas pelos sentidos de urbano, de modernidade globalizada, ou ainda, pela cidade que nos a/parece de forma segregada? Perguntamo-nos: será possível para essa criança “adotada” pelo tráfico fazer ecoar seu discurso na ideologia dominante? Quais efeitos passíveis de leitura sobre a argumentação e a autoria nesse contexto ditado pela mídia com sentidos de opressão e aparente falta de escolha? Essas questões e alguns dos conceitos basilares da Análise do Discurso de matriz francesa nortearão este trabalho, tais como: a autoria, a linguagem, o sujeito do discurso, as formas leitura, o discurso, a ideologia, e os sentidos. Ainda, buscamos fazer uma tessitura com/sobre os sentidos de crianças no contexto do tráfico de drogas e a mídia, sem a pretensão de estabilizar sentidos na lógica do que “é” ser criança hoje no Brasil, mas na trilha de analisar o discurso, investigar algumas possibilidades de autoria e rastrear a fala em curso de sujeito(s) cuja voz faz falar um modo de estar incluído na infância e no tráfico através de enunciados midiáticos.