Um exame menos simplista nos revela que o rotacismo se trata de um fenômeno que atravessa toda a história da língua portuguesa tanto em sentido vertical quanto horizontal. É, pois, um processo fonológico pancrônico e pandialetal. É uma tendência lingüística notadamente lusa entre as línguas românicas, indiciada em inúmeros documentos do período de formação da língua portuguesa na Península Ibérica. É também um processo fonológico que acompanhou toda a história da língua na Península Ibérica e para além dela, em sua expansão pelas terras de outros continentes. Não é improvável que se trate de uma deriva fonológica pré-românica, pois o Appendix Probi (Séc. III d. C.) registra pelo menos um caso de rotacismo entre seus pares de certo e errado ( flagellum non fragellum). Textos escritos atestam a sua presença na língua portuguesa desde a mais tenra idade