PRESIDENTA OU A PRESIDENTE: ALÉM DAS QUESTÕES LINGUÍSTICAS
Resumo
Neste artigo, parte-se do pressuposto de que a palavra não é neutra ou uma escolha individual do sujeito que a enuncia, mas é atravessada por questões ideológicas uma vez que funciona como signo ideológico e como tal dialoga com as crenças (valores, discursos machistas, feministas, linguísticos e de partidos políticos) de quem a emprega. Escolheu-se refletir sobre a tensão que envolve o termo “presidente” e suas formas gramaticais do feminino, utilizadas em determinados contextos políticos. Para atingir os objetivos, as análises se sustentam nas teorias dialógicas desenvolvidas por Bakhtin (2003 e 2006). Na concepção do autor, toda palavra, quando entendida dentro de um contexto (determinado tempo e espaço) e tomada por uma enunciação, tem dupla orientação e duas faces: tanto ela procede de alguém como constitui um produto da interação verbal. Demonstra-se que empregar as formas “a presidente” ou “presidenta” possibilita uma construção que se aproxima ou se afasta de determinadas imagens que se produzem em um contexto marcado por representações políticas do que seria pertencer a grupos de esquerda ou de direita.
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