UM ALÍVIO, UM DILÚVIO, UM DELÍRIO: O PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO NAS CANÇÕES DE ESTÚDIO E ACÚSTICAS DO ENGENHEIROS DO HAWAII
Resumo
É de conhecimento que o campo musical possibilita a realização de pesquisas em diversas frentes da linguagem, incluindo o léxico das letras, a harmonia e a construção das notas melódicas, elementos esses que, juntos, podem fomentar uma análise em que letra e ritmo se completam, a fim de afirmar muitos dos objetivos dessa atividade artístico-cultural, a saber, comover, divertir, formar opiniões. Assim, as canções, em determinado momento, podem se tornar corpus discursivo para compreensão de um estilo musical, de uma época e mesmo de um aspecto da história sociocultural de um país. Isso posto e tendo por base princípios teórico-metodológicos desenvolvidos no interior de uma perspectiva discursiva de linguagem, neste artigo, tomamos o discurso da música como formador de sujeitos e também formado por sujeitos, em contextos únicos, partindo das seguintes interrogações: qual seria a visão geral, a “cena” por inteiro, formada a partir das composições? Quais os desdobramentos de certas condições de produção e quais deles tornaram possível determinada produção e não outra? Tendo em vista a questão da subjetivação abordada por Michel Foucault e a seleção de composições da banda Engenheiros do Hawaii, traçamos uma discussão sobre as músicas e sobre as possíveis subjetivações que delas possam emergir, bem como fazemos uma retomada do contexto musical dos anos 1980, época na qual surge o rock brasileiro como parte dos elementos de identidade do país.