É SÓ ELETRICIDADE, TA LIGADO?: EFEITOS DISCURSIVOS DO AMOR VIRTUAL
Resumo
Nosso trabalho busca interpretar, à luz da teoria do discurso de Michel Pêcheux, efeitos de sentido inscritos no imaginário sobre as relações amorosas vivenciadas pelo sujeito na contemporaneidade, marcada pela forte presença da cibercultura, tais como retratados no discurso cinematográfico. Nesse estudo, analisamos o imaginário sobre os temas citados inscritos no longa-metragem belga Apaixonado Thomas (Thomas est Amoreux, 2000), no qual laços humanos começam e são encerrados com um clique, bem como nas diversas regularidades discursivas com o longa-metragem estadunidense Ela (Her, 2013), de Spike Jonze. Temos como arcabouço teórico e metodológico a Análise do Discurso de filiação francesa, sobretudo nos postulados teorizados por Michel Pêcheux e os autores que compartilhavam, com ele, a preocupação em observaro discurso como processo e não como produto; como estrutura mas também como acontecimento. Buscamos também o suporte teórico de autores de outras áreas do conhecimento, principalmente a sociologia da “modernidade líquida” do polonês Zygmunt Bauman, através da qual podemos melhor refletir sobre as condições de produção que permeiam as materialidades imagéticas, sonoras e verbais de Apaixonado Thomas e como o sujeito discursiviza(-se) na era do amor virtual. Além disso, autores como David Bell e Donna Haraway nos auxiliam a pensar a região de sentidos que é permeada pela cibercultura e como os sentidos de amor, corpo e do próprio modo de fazer cinema (a representação simbólica) relativo ao amor estão em movimento em tais condições de produção.