VARIAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: O CASO DOS SINAIS MÃE E PAI EM FLORIANÓPOLIS

Autores

  • Simone Gonçalvez de Lima da Silva

Resumo

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua utilizada pela comunidade surda no Brasil. A Lei nº 10.436, de 2002, descreve a Libras como “uma forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (Brasil, 2002, p.23).

No meio científico, as línguas de sinais de cada país também são reconhecidas como línguas, pois possuem os mesmos universais linguísticos que caracterizam as línguas orais, com aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos de acordo com sua modalidade visual e gestual. O reconhecimento político das línguas de sinais, no mundo, partiu das reivindicações dos movimentos sociais surdos, com o apoio das pesquisas linguísticas e pedagógicas. No entanto, no Brasil, ainda é uma língua pouco conhecida, por ser proveniente de uma comunidade linguística minoritária.

Como não se trata da língua dos colonizadores do Brasil, poucos foram os registros sobre a evolução da língua de sinais. Os registros, que se tem hoje, são referentes ao Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES e revelam que a língua de sinais no Brasil foi difundida a partir da vinda de um professor Surdo francês, E. Huet, oriundo do Instituto de Surdos de Paris, o qual propôs a criação do primeiro Estabelecimento de Educação para Surdos, atual INES. (ROCHA, 2008).

Segundo o Histórico do INES (Rocha, 2008) sobre a língua de sinais, verifica-se uma forte influência da língua de sinais francesa a qual, gradativamente, foi sendo moldada à cultura surda brasileira. A primeira publicação referente à língua de sinais, no Brasil, data de 1875, Iconografia dos Sinais, desenhada pelo ex-aluno e profissional repetidor do Instituto, Flausino José da Costa Gama, o qual repetiu os sinais do Dicionário de língua de sinais francesa, traduzindo-os para o português e revelando a sua influência sobre a língua brasileira de sinais.

No presente estudo, objetiva-se verificar o uso dos sinais PAI e MÃE da Libras, na região da Grande Florianópolis,  identificar que fatores linguísticos e extralinguísticos podem motivar o uso de suas variantes e influenciar numa mudança histórica. Trata-se de um estudo sociolinguístico variacionista, pois estuda o uso da língua no cotidiano. Investigar sobre a variação linguística da Libras pode ser bastante útil para questões linguísticas mais amplas, para determinar como a linguagem se organiza, ou seja, como se estrutura, além de aprofundar conhecimentos sobre a Libras.

Referências

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Publicado

2015-02-24