O PODER DA CONTRAPALAVRA:
A ESTABILIZAÇÃO DE DISCURSOS RACISTAS EM MEMES
Resumo
A língua, por seu caráter ideológico, contribui para criar formas de exclusão, pensando nisso, torna-se fundamental perceber que o racismo manifesta-se nas interações diárias coletivas. Atualmente, esse processo acontece virtualmente, pensando nisso, a partir da coleta de memes com discursos racistas, convém analisar a contrapalavra gerada por eles como forma de estabilização discursiva e manutenção ideológica. Para tal, esta discussão objetiva reconhecer e discutir como expressões racistas contidas no gênero textual meme em redes sociais contribuem para a estabilização de discursos racistas. A base teórica pautou-se em estudos da área da Análise do Discurso, a saber: Bakthin (2016), Foucault (1996), Fairclough (2001) e Volóchinov (2021). Metodologicamente, trata-se das pesquisas bibliográfica e de estudo de caso – por meio de análises de memes em redes sociais. Além disso, o estudo caracteriza-se como abordagem qualitativa, de natureza aplicada e exploratória. Percebeu-se que, a partir da análise dos memes em questão e dos comentários gerados por outros usuários da rede social TikTok, a dialogia e a alternância de sujeitos atuam como consolidadoras dos discursos racistas enquanto ordem social naturalizada. Neles, foi possível notar que os usuários respondentes aos memes não só contribuem, mas relativizam o racismo, o que contribui para que esse cenário seja perpetuado. Dessa forma, depreende-se que os memes verbo-imagéticos circulantes na internet não são meros conteúdos humorísticos inofensivos. Eles funcionam como depósitos ideológicos, servindo como ferramentas para forças hegemônicas consolidarem-se socialmente pelo eixo da raça. Através dos memes, essas ideologias racistas se propagam sutilmente, naturalizando estereótipos e preconceitos raciais.