O SAMBA E A DENÚNCIA SOCIAL
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DA CIDADE PAULISTA E O DISCURSO DA LUTA DA CLASSE OPERÁRIA NAS CANÇÕES DE ADONIRAN BARBOSA.
Resumo
Em buscas de uma possível contestação social que considere o cotidiano das classes operárias, em particular nas condições de produção inscritas em um contexto social de um processo de modernização no século XX, em cunho estruturante capitalista, na grande capital de São Paulo, invoca-se o samba como instrumento de denúncia social, provocada por sujeitos que vivenciavam histórias de amargura e aflição por uma repressão estatal dominante. Tal questão se corporifica, no corpo deste trabalho, um recorte. É que na confluência desse processo de urbanização, um acontecimento, por sua consistência linguístico-histórica, servirá como nó nessa rede, tal como um acontecimento-recorte. Nesta proposta, objetiva-se um gesto de compreensão que considere a constituição, a formulação e a circulação dos discursos mobilizados pelas classes menos privilegiadas, nos contextos de repressão política e ditatorial no século XX na grande capital paulista. A base metodológica para esta análise e discussão está alicerçada na Análise de Discurso fundada por Michel Pêcheux (1969), no qual seguindo o trâmite metodológico, recorremos também às categorias pertinentes à AD – condições de produção, formação ideológica, memória discursiva, interdiscurso, formação discursiva, silêncio, etc. - que serão requisitadas pela materialidade discursiva no momento do gesto de interpretação, realizada a partir da narratividade do samba inscrito nos discursos que são materializados nas/pelas relações sociais capitalistas e certos espaços de inscrição da palavra: como formas de nomeação e significação que dão visibilidade à contraditória formação social paulista.
