COMPLEXIDADE E RESSIGNIFICAÇÃO NO CRONOTOPO PANDÊMICO:
SENTIDOS EMERGENTES EM NARRATIVAS SOBRE O ENSINO-APRENDIZAGEM EM MODO REMOTO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO PIAUÍ
Resumo
Neste artigo, que é parte de uma tese em desenvolvimento, partimos de uma pesquisa narrativa categorial para verificar os sentidos atribuídos ao ensino-aprendizagem em modo remoto e ao cronotopo dos ambientes de aprendizagem nas narrativas do livro “Sozinho na minha torre”: representações discentes sobre o ensino remoto no Piauí, produzidas por estudantes de uma escola pública da rede federal no estado do Piauí. Entendendo a educação como fenômeno complexo, nos apoiamos em Davis e Sumara (2006), Freire (2011; 2013) e Morin (2021; 1995) para reafirmar a multidimensionalidade ligada ao sistema da escola e ao ensino-aprendizagem. Para guiar as análises, tomamos como base categorias como sentido (Bakhtin, 2017; Volóchinov, 2018; Vygotsky, 2007) e cronotopo (Bakhtin, 2018; Bemong, 2015), às quais associamos características de complexidade. Nas análises das narrativas, as reflexões de Dias e Novaes (2009) e Dudeney, Hockly e Pegrum (2016) nos apoiam ao tratarmos das práticas implicadas na migração para o Ambiente Virtual de Aprendizagem. As análises mostram que os sentidos atribuídos ao ensino remoto tendem a considerá-lo como pouco relevante para a aprendizagem. Imbricado ao novo espaço de aprendizagem, o cronotopo da casa foi ressignificado, sendo atribuídos a ele sentidos como prisão, tumulto, lazer, sobrecarga, superlotação. O cronotopo do AVA, por sua vez, foi retratado como tedioso, cansativo e menos atraente que os espaços virtuais informais.