INTERDIÇÕES AO CORPO NO CORPO DA CIDADE: ARQUITETURA, URBANISMO, DISCURSO E CONTROLE SOCIAL.
Resumo
Neste artigo, partindo do princípio de que a cidade é um espaço simbólico, passível de interpretação, busca-se ler formas de controle social e de interdição materializados em elementos constituintes do urbano, como bancos e pequenas superfícies vazias existentes em espaços públicos. Ao invés de o discurso da organização urbana se fazer por meio de advertências verbais, como: “É proibido deitar-se aqui.”, “Não se deite aqui!”, “É proibido morar aqui!” e outros do gênero, posicionadas de modo a indicar o objeto do mobiliário ou o espaço interditado, ele se faz por meio de uma forma de expressão material que praticamente inviabiliza a contestação. Metaforizados por meio de divisórias, pregos, espetos, pontas de lança, espinhos, pedras pontiagudas, cacos de vidro, o “Não!” e o “É proibido” se impõem aos corpos dos indesejáveis de uma maneira violenta, totalitária. São essas formas de expressão material da negação inscritas no espaço urbano o objeto deste estudo.Referências
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