O SURDO E AS POSIÇÕES SUJEITO: REPRESENTAÇÕES DO ENSINO DE LIBRAS EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
Resumo
Este artigo tem por objetivo principal a melhoria da educação dos alunos surdos brasileiros. O trabalho enfoca um processo de ensino e aprendizagem de uma língua que é materna ou estrangeira conforme os brasileiros que com ela lidam, embora seja uma língua brasileira, LIBRAS. Em pesquisa (Costa, 2010) deparamo-nos com várias questões pertinentes ao contexto de sujeitos surdos, dentre elas, destacamos a questão da LIBRAS, como central em relação à educação de surdos. Assim, propomo-nos a pensar as posições sujeito dadas aos surdos no cenário atual da educação universitária brasileira, a partir do contexto das FATECs, segundo a legislação que coloca a imposição de LIBRAS em alguns currículos de graduação. É fato que a lei já está sendo posta em prática e pesquisas que auxiliem os caminhos desta nova prática, constituintes de um discurso cada vez mais dito, se fazem necessárias. LIBRAS, desde que instituída como língua brasileira, movimenta a identidade surda e instaura sentidos que devem ser pensados como fundadores. A partir dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Brasileira, tendo como base Orlandi (1987, 1992, 2003, 2004, 2005), buscaremos algumas representações alcançadas a partir da vivência universitária do ensino de LIBRAS, entre ouvintes, no contexto das faculdades de tecnologia FATECs. Nosso intuito é colaborar com a formação de educadores atuais e futuros, que desejem trabalhar melhor as questões pertinentes à educação de surdos, apontando não somente os desafios de uma nova língua no cenário nacional, como também questões relativas à identidade dos sujeitos surdos.
Referências
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). In: Cadernos de Estudos Lingüísticos 19. Campinas: Unicamp, 1990
AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Palavras incertas: as não-coincidências do dizer. Trad. de Pfeiffer, C.R. e outros. Campinas, SP: Ed. da UNICAMP, 1998.
BENVENUTO, Andrea . “O surdo e o inaudito. À escuta de Michel Foucault”. In: GONDRA, José / KOHAN, Walter (orgs.). Foucault 80 anos. Belo Horizonte:
Autêntica, (p. 227-246.). 2006
BOLOGNINI, Carmen Zink. (org.) A Língua Inglesa na Escola. Campinas. SP. Mercado de Letras. 2007. In: A formação de professores de LE e o objeto de ensino.
COSTA, Juliana Pellegrinelli Barbosa (2010). A educação do surdo ontem e hoje, posição sujeito e identidade. Campinas, SP. Editora Mercado de Letras
COSTA-RENDERS, Elizabete Cristina. Educação e Espiritualidade: pessoas com deficiência, sua invisibilidade e emergência. São Paulo: Paulus, 2009.
FAVORITO, Wilma. “O Difícil são as palavras”: representações de/sobre estabelecidos e outsiders na escolarização de jovens e adultos surdos / Wilma Favorito. -- Campinas, SP : [s.n.], 2006 – Tese de doutorado.
GESSER, Audrei. “Um olho no professor e outro na caneta”: ouvintes aprendendo a Língua Brasileira de Sinais. Tese de doutorado. Campinas, SP. 2006
LACERDA, Cristina B.F. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. Cadernos Cedes, n.46. Campinas, setembro 1998, p. 68-80.
LIMA, Maria do Socorro . Surdez, Bilingüismo e Inclusão. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Unicamp. 2004
MANTOAN, Maria Teresa Égler. (org.) Caminhos pedagógicos da inclusão: como estamos implementando a educação (de qualidade) para todos nas escolas brasileiras. São Paulo: Memnon Edições Científicas, 2002.
ORLANDI, E.P. A linguagem e seu Funcionamento: As Formas do Discurso. Campinas, SP: Pontes, 1987.
_____________. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992.
¬¬¬¬¬¬____________. Análise do Discurso: Princípios e Procedimentos –
Campinas, SP: Pontes; 6ª edição. 2005
____________. Interpretação; autoria, leitura e efeitos do trabalho
simbólico. Campinas. Pontes. 2004
____________(org.). Discurso fundador. Campinas, SP: Pontes, 3ª edição. 2003
PEREIRA, Terezinha de Lourdes. Desafios da implementação do ensino de LIBRAS no ensino superior. Ribeirão Preto. SP: CUML, 2008. 94p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro Universitário Moura Lacerda.
REILY, Lucia. O papel da igreja nos primórdios da educação dos surdos. Revista Brasileira de Educação, vol. 12, Nº 35, Rio de Janeiro. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782007000200011&script=sci_arttext
Acessado em maio de 2009.
ROCHA, Solange . INES Instituto Nacional de Educação de Surdos – Revista Espaço: Edição Comemorativa 140 anos. Belo Horizonte. Editora Líttera. 1997
RIBEIRO, Abigail França (2009). Há prazos legais para a implantaçãode Libras pelas IES já vencidos. In: Gestão Universitária. Companhia da Escola. Disponível em: http://www.gestaouniversitaria.com.br/colunas/2-abigail/20526-ha-prazos-legais-para-implantacao-de-libras-pelas-ies-ja-vencidos.html.
Acessado em agosto de 2009.
SATANA & BÉRGAMO, Ana Paula e Alexandre.Cultura e identidades surdas: encruzilhada de lutas sociais e teóricas. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91, p. 565-582, Maio/Ago. 2005
Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>
SILVA, Ivani Rodrigues. Línguas em Contato e em Conflito: A Criança surda na Escola. Intercâmbio (PUCSP), v. XII, p. 301-308, 2003.
SKLIAR, Carlos. Atualidade da Educação Bilíngüe para Surdos. Porto Alegre: Mediação. 1999.
SKLIAR, Carlos; QUADROS, Ronice Muller de. Invertendo epistemologicamente o problema da inclusão: os ouvintes no mundo dos surdos. Estilos da Clínica, São Paulo, v. V, n. 9, p. 32-51, 2000.