‘NÓS PEGA O PEIXE’: DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E PRECONCEITO NA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO LÉXICO-GRAMATICAL DA SOCIOLINGUÍSTICA NA MÍDIA

Autores

  • Raquel Bevilaqua
  • José Ferreira Machado Junior

Resumo

Dependendo da perspectiva com a qual olhamos para a linguagem, esta pode ser comparada a um prisma de cristal que, ao refletir a luz incidente sobre si, reproduz diferentes feixes de cores e matizes. Sob essa perspectiva particular do olhar, o que evidenciamos são as variedades linguísticas que constituem a linguagem.
A variedade linguística é um dos muitos modos de se falar a mesma língua (BAGNO, 2007, p. 47), modos estes que são constituídos por variáveis sociais como origem, condição socioeconômica, idade, sexo, classe social, nível de escolaridade, etc. Olhada a partir dessa ótica, a língua, homogênea e pura, é uma idealização, uma abstração, alcançada por meio da eliminação do que potencialmente representaria um risco à sua homogeneidade, ou seja, os próprios sujeitos que a falam em condições e contextos diversos. Essa discussão leva-nos aos princípios epistemológicos e científicos que fundaram a Linguística, no início do século XX. Ferdinand de Saussure, na empreitada de elevar a Linguística ao estatuto de ciência, optou por um ponto de vista que, ao considerar seu objeto de estudos, a língua, buscou eliminar tudo o que lhe fosse “estranho”, “externo” (SAUSSURE, 2006, p. 29), entendido como heterogêneo. Logo, a dicotomia língua (sistema abstrato unificado) versus fala (individual, mutável) buscou resolver um problema que então se lhe mostrava: como tratar as questões heterogêneas no estudo da língua? Críticos de Saussure, outros teóricos defendem a existência (e o reconhecimento) de variedades da língua, faladas por diferentes sujeitos, de diferentes contextos sociais, políticos e ideológicos (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2009; BOURDIEU, 2008; BAGNO, 2007; LABOV, 1972). Essas variedades podem ser comparadas a diferentes feixes, que instauram uma concepção heterogênea de língua.

Downloads

Edição

Seção

Artigos