TZVETAN TODOROV, ANTOINE COMPAGNON E O ELOGIO DA LITERATURA
Autores
Alex Sander Luiz Campos
Resumo
Ao abrir, em 1985, sua série de conferências como Charles Eliot Lecturer na Universidade de Harvard, Italo Calvino mirava o futuro. Sem saber que não teria tempo suficiente para concluir suas “lições americanas” – o livro resultante do ciclo de conferências, Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas, seria publicado como obra póstuma e inacabada –, pensava nos quinze anos que o separavam do terceiro milênio: “por ora não me parece que a aproximação dessa data suscite alguma emoção particular. Em todo caso, não estou aqui para falar de futurologia, mas de literatura” (CALVINO [1985], 1990, p. 11). Fazendo um retrospecto do milênio que findava, Italo Calvino vê nele o surgimento e a expansão das línguas e das literaturas do Ocidente, bem como o aparecimento do “objeto-livro”, tal qual hoje o conhecemos. Vê também, no entanto, na chamada “era tecnológica pós-industrial”, uma frequente indagação acerca do destino do livro e da literatura: um sinal do fim do milênio? É nesse contexto, em particular, que Calvino assegura sua confiança no futuro da literatura em razão das coisas que só ela, com os meios que lhe são próprios, nos pode dar (CALVINO, 1990, p. 11). Findo o milênio de Calvino e, com ele, a primeira década (2001-2010) do “novo milênio”, parece válido questionar: continua em situação de perigo a literatura? Em caso positivo, que perigo é esse? Continuamos a pensar nas contribuições específicas da literatura para a formação humana? Em outras palavras: o que ela pode, afinal, nos dar?