A (DES)CONSTRUÇÃO DO SUJEITO DILMA ROUSSEFF NAS VIDEOMONTAGENS DO YOUTUBE: O POLÍTICO EM DERRISÃO
Resumo
Nossa sociedade, atualmente, é organizada em torno de novas tecnologias multimidiáticas em que a diversidade de discursividades (orais, escritas, visuais e multimodais) em política, bem como o de outros modos de produção de sentidos, têm transformado radicalmente as modalidades e os processos enunciativos dos sujeitos. Essas mudanças se dão não só na ordem da língua, mas principalmente na ordem do enunciável, construindo novos dizeres tanto do Eu quanto do Outro, alterando os efeitos de sentidos iniciais e provocando, muitas vezes, o humor derrisório como resultado. Neste artigo, trataremos de um discurso em particular, o discurso derrisório que se relaciona intimamente com a ironia. O discurso irônico pode provocar uma série de sentidos e sentimentos que abarcam desde a irritação à zombaria, provocando a humilhação e a ridicularização do outro. Contudo, a derrisão diferencia-se da ironia porque o sujeito-enunciador assume o que diz no seu próprio discurso quando tem por objetivo desqualificar o destinatário (BARONAS, 2005). Os limites do discurso irônico e do discurso derrisório se diferem, mas também os constituem. Assim, nos preocuparemos em analisar o modo como um ambiente midiático eletrônico, o YouTube, por meio de diversos textos multimodais, que se dão a circular como discursos panfletários – texto curto e violento que ataca uma instituição ou uma pessoa conhecida – distintos tanto da sátira quanto da polêmica,todavia, constitutivamente derrisório, constroem uma escrita da história de campanhas políticas brasileiras bastante distinta da história oficial divulgada nos editoriais, nos artigos de opinião, nas análises políticas, que circulam nos jornais e revistas brasileiras, por exemplo.
Referências
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGENOT, M. La parole pamphèltaire. Paris: Payot, 1982.
ARAUJO, L. M. B. M. Política e derrisão no YouTube: uma leitura discursiva. 2011, 120f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Departamento de Letras, Universidade Federal de São Carlos, 2011.
BARONAS, R. L. Derrisão: um caso de heterogeneidade dissimulada. In: Polifonia. Cuiabá: EDUFMT, 2005. p. 99-111.
BONNAFOUS, S. Sobre o bom uso da derrisão em J.M.Le Pen Trad. de Maria do Rosário Gregolin e Fábio César Montanheiro. In: GREGOLIN, M.R. (org.) Discurso e Mídia: a cultura do espetáculo. São Carlos: Claraluz, 2003.
DAVALLON, J. A imagem, uma arte de memória? In: ACHARD, P. O papel da memória. (Tradução José Horta Nunes). Campinas, SP: Pontes, 1999.
FEUERHAHN, N. La dérision, une violence politiquement correcte. In: HERMÉS – Revue. Dérision – contestation, nº29, CNRS, Éditions, 2001.
MAINGUENEAU, D.; CHARAUDEAU, P. Dicionário de análise do discurso. 2a edição, 3a reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008.
MAINGUENEAU, D. Cenas da Enunciação. Trad. Sírio Possenti e Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva. Curitiba: Criar, 2006.
______. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2002.
______. Gênese dos Discursos. Trad. Sírio Possenti. Curitiba: Criar, 2005.
______. Doze conceitos em análise do discurso. Trad. Adail Sobral [et al]. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
MERCIER, A. Pouvoirs de la dérision, dérision des pouvoirs. (Introduction) In: HERMÉS – Revue. Dérision – contestation, nº29, CNRS, Éditions, 2001.
NOVEAU PETIT ROBERT: dictionnaire analogique et alphabétique de la langue française. Bruxelles: Bureau Van Dijk, 2001. CD-ROM.