SIGNIFICAÇÕES E JUSTIFICATIVAS PARA O EMPREGO DO SÍMBOLO ‘@’ DENTRO DO CONTEXTO PÓS-IDENTITÁRIO

Resumo

Em decorrência da utilização do símbolo “@” no discurso acadêmico e militante,
faz-se necessário investigarmos as causas, bem como as implicações da retirada desse símbolo de seu contexto. Podemos dizer que o símbolo inicialmente fazia parte do discurso cibercultural, e podia ser encontrado em endereços de e-mails. Recentemente, verificamos o emprego desse símbolo no discurso ora acadêmico ora dentro da militância LGBT, e questionamo-nos o porquê da necessidade deste empréstimo intersemiótico. Podemos dizer que o símbolo ao ser empregado em outro discurso (que não o cibercultural), deixa de ser um símbolo e passa a funcionar como uma desinência. Não se pode afirmar, porém, que essa desinência seja de gênero, embora possa parecer muito próxima (ou coerente) essa idéia. Por que a língua não foi capaz de abarcar a pluralidade de identidades de gêneros (ou a ausência delas, ou de todas coexistindo mutuamente)? Se a Língua é também influenciada pela sociedade e pela cultura, se existe uma troca constante e dinâmica entre língua, cultura e sociedade, podemos dizer que a língua apenas refletiu aquilo que os/as teóricos de gênero e da Queer theory, vem investigando ao longo dos anos: Não existem apenas dois tipos de gêneros e aparentemente opostos entre si. Já
afirmou Butler: “supondo por um momento a estabilidade do sexo binário, não se pode dizer que o gênero também permaneça em número de dois” (BUTLER, 2003).